segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

JORGE DREXLER - PRÊMIO GOYA


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Drexler e   a esposa Leonor
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Jorge Drexler                  
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Gosto muito de sonetos. Sempre gostei desse gênero de poesia que muitos consideram ultrapassado. 


Atrevo-me a confessar este meu gosto inusitado porque Jorge Drexler acaba de receber o prêmio Goya de Melhor Canção Original - prêmio espanho equivalente ao Oscar -  por um soneto seu, que musicou para o filme sobre os amores de Lope de Vega. Ele já havia ganho o Oscar em 2006 por outra melodia, Al otro lado del río, composta para Diarios de Motocicleta,


Jorge Drexler, músico e poeta uruguaio, é bem conhecido no Brasil onde tem se apresentado. Nos últimos meses, agregou uma experiência nova ao seu trabalho para  cinema, ao atuar em uma película do diretor Daniel Burman


A história da canção premiada com o Goya é muito interessante.


Drexler conta que conheceu o cineasta brasileiro Andrucha Waddington há mais de um ano em Marrocos, durante a rodagem do filme sobre a vida e os amores de Lope de Veja, poeta e dramaturgo espanhol. Marrocos foi utilizado como cenário para representar as cidades de Madrid e Lisboa no Siglo de Oro. Drexler acompanhava sua mulher, a atriz Leonor Watling, para cuidar do filho. Leonor interpreta, no filme, Isabel de Urbina, esposa de Lope de Vega.


Andrucha, com uma filmografia de onze películas, entre elas Eu tu e ele e A casa de areia, encantou Drexler com a sua forma impulsiva de trabalhar, usando a intuição e apelando para o acaso.


Conta Drexler que, durante um jantar, conversaram sobre suas experiências pessoais na convivência com espanhóis. No dia seguinte, levantou-se e escreveu o soneto como um exercício de estilo já que, na ocasião, lia muito Lope de Vega. Diz que não teve outra intenção senão a de fazer dele um presente a Waddington E que o soneto, que trata sobre a espontaneidade, permaneceu como um gesto entre amigos e nada mais.


Meses depois, quando o filme estava no final do processo de montagem, Wadington entrou em contato com Drexler e convidou-o a que usasse o soneto como base para uma canção original.


O tema, gravado com o Coro de la Comunidad de Madrid, não foi feito para uma cena da película, mas integrado aos créditos finais. Segundo palavras do próprio Drexler, este é um momento entre a fantasia e a realidade que ele, como espectador, aprecia muito. As luzes começam a acender-se, as pessoas levantam-se e passam a perceber que parte da emoção da película pode ser transferida para o mundo real.


Aqui, o soneto, que deu origem à canção:


Que el soneto nos tome por sorpresa

Entrar en este verso, como el viento,
Que mueve sin propósito la arena.
Como quien baila, que se mueve apenas
Por ele mero placer del movimiento.

Sin pretensiones, sin predicamento,
Como un eco que sin querer resuena,
Dejar que cada sílaba en la oncena,
Encuentre su lugar y su momento.

Y que el soneto nos tome por sorpresa,
Como si fuera un hecho consumado,
Como los toman los rompecabezas,

Que sin saberlo nacen ensamblados.
Así el amor, igual que un verso empieza,
Sin entender de dónde ha llegado.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

DIA DE SÃO VALENTIM


     O Dia dos Namorados comemora-se, no Brasil, em 12 de junho, véspera  de Santo Antônio. Porém, em um grande número de países, o dia dedicado aos enamorados é o dia 14 de fevereiro, dia de São Valentim. Nessa data festeja-se, não apenas o amor entre casais, mas também a amizade entre familiares e amigos.

     Por este motivo, hoje quero felicitar  as mulheres, tanto as amigas quanto as da família, que enriquecem e adoçam minha vida. A elas  chamo  minhas rosas, pois a elas se igualam em  ternura e delicadeza. E se, como as rosas, minhas amigas  também  tem seus espinhos, eles são usados  -  não para ferir - mas para proteger-se.  Embora sua força e coragem,  algumas vezes elas são tão frágeis quanto as rosas. Mas só algumas vezes.

     A todas, presenteio  com  lindos versos de Cecília Meireles. E também  com as fotos  que eu fiz de de uma rosa colombiana. Este, sim, um regalo bem modesto.


Primeiro motivo da rosa




 Vejo-te em seda e nácar,

e tão de orvalho trêmula, que penso ver, efêmera,

toda a Beleza em lágrimas

por ser bela e ser frágil.



Meus olhos te ofereço:

espelho para face

que terás, no meu verso,

quando, depois que passes,

jamais ninguém te esqueça.



Então, de seda e nácar,

toda de orvalho trêmula, serás eterna. E efêmero

o rosto meu, nas lágrimas

do teu orvalho... E frágil.




Quarto motivo da rosa


Não te aflijas com a pétala que voa:

também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verás, só de cinzas franzida,

mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos

ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,

por desfolhar-me é que não tenho fim.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

PUNTA DEL ESTE: CALLE 19, A RUA DOS VENTOS

       A Calle 19 em Punta del Este, na Península, não deve ter mais do que trezentos metros e pode ser percorrida a pé em dois ou três minutos. Possui somente duas quadras e é limitada de um lado  pelo  Rio da Prata e do outro pelo Oceano Atlântico.
    
       Os ventos são frios e constantes e é raro o dia em que sopra apenas uma  brisa fresca. Falo ventos, porque existe mais de um.  Noite dessas, uma discussão entre dois deles me acordou alta madrugada. Um dos ventos  falava, ou melhor uivava, o outro respondia à altura, e havia momentos em que gritavam ao mesmo tempo. A voz de um deles era nitidamente feminina e a do outro - mais alta e mais grave - era sem dúvida masculina. Não entendi o que diziam, mas tenho certeza de que era uma briga de amantes.

       Na próxima postagem publicarei um pequeno texto que escrevi, inspirado nos ventos da Calle 19.


Este é  um dos limites da Calle 19: o Rio de La Plata, onde está situado el Puerto...

... e aqui está o outro, o Oceano Atlântico.