Desejo a todos vocês um Abençoado Ano Novo!
Receita de ano novo
Carlos Drummond de Andrade
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Com escritos, imagens, pensamentos e emoções, vou tecendo, ponto por ponto, a manta da minha vida. Para que ela me aqueça nos tempos que ainda estão por vir.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
sábado, 25 de dezembro de 2010
RIMAS DE SARA LUNA - I
Quereres e Não Quereres
Eu quero, preciso urgente,
Quero hoje, neste instante,
Escancarar as janelas
Para poder respirar.
Quero já, neste momento,
As minhas asas de volta,
Todas as portas abertas,
Pra não querer mais voar.
Tenho fome, tenho sede.
Quero pão, azeite e sal.
Quero um mar para beber,
Espaço pra respirar,
Ar puro pra não morrer.
E quero hoje, quero agora,
As minhas asas de volta,
Portas, janelas abertas,
Pra não querer ir embora.
Eu quero, preciso urgente,
Quero hoje, neste instante,
Escancarar as janelas
Para poder respirar.
Quero já, neste momento,
As minhas asas de volta,
Todas as portas abertas,
Pra não querer mais voar.
Tenho fome, tenho sede.
Quero pão, azeite e sal.
Quero um mar para beber,
Espaço pra respirar,
Ar puro pra não morrer.
E quero hoje, quero agora,
As minhas asas de volta,
Portas, janelas abertas,
Pra não querer ir embora.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
HOSTERIA EL FORTÍN - CHUY, URUGUAI
Quase sempre que vamos ao Uruguai, fazemos escala em Chuy e nos hospedamos em um excelente hotel próximo ao Forte de San Miguel (www.elfortin.com). É um hotel de campo, como chamam por lá, situado a apenas 8 km do centro da cidade em um local tranquilo, com paisagem maravilhosa e ambientes muito agradáveis.
O atendimento é excepcional: para citar apenas Vanessa, Graziela e Winston. Porém não posso deixar de mencionar também o Sereno, pessoa gentilíssima e do mais fino trato, que não é apenas Guarda Noturno mas atua em diversas áreas do hotel,
No restaurante, não consigo resistir às deliciosas sobremesas: Natillas (Crème Brulée) e Panqueque de Dulce de Leche, esta última servida quente.
Lá conheci a poesia do Director da Hostería, Ramón A. Curbelo/Monra - ao qual ainda não tive o prazer de ser apresentada -, mas de quem transcrevo estes versos maravilhosos e que tentei traduzir.
Monra
Cómo decirle a un hijo...
Trabaja… sin presionarlo,
Ama… sin ofenderlo,
Piensa… sin herirlo.
Cómo decirle a un hijo...
Te quiero sin límites
No quiero que te lastimes
Ven a mi lado
No te preocupes,
Sin dejarlo expuesto al dolor del amor,
Al desengaño del amigo
A la soledad del tumulto.
Cómo decirle a un hijo:
Ve… enfrenta la vida
Con todos sus tesoros.
Y todos sus venenos.
Ve…que cuanto antes te lastimes
Más rápido aprenderás a no herirte.
Cómo decirle a un hijo:
Solo tú puedes,
Solo tú lo lograrás,
Solo tú tienes que descubrir el camino.
Como decirle a un hijo…
Tal vez es no decir…
Tal vez es...
Un dia...
Como dizer a um filho:
Trabalha... sem pressioná-lo
Ama...sem ofendê-lo
Pensa...sem ferí-lo.
Como dizer a um filho:
Te quero sem limites
Não quero que te lastimes
Vem para junto de mim
Não te preocupes,
Sem deixá-lo exposto
À dor do amor
Ao desengano do amigo
À solidão do tumulto.
Como dizer a um filho:
Vai...enfrenta a vida
Com todos seus tesouros,
Com todos seus venenos.
Vai...que quanto antes te lastimes
Mais rápido aprenderás
A não ferir-te.
Como dizer a um filho:
Só tu podes,
Só tu conseguirás,
Só tu poderás descobrir o caminho.
Como dizer a um filho...
Talvez seja melhor não dizer
Talvez seja dizer.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
PRÊMIO ZAFFARI - 75 ANOS
Um acontecimento agradável me surpreendeu neste fim de ano. Participei de um Concurso Cultural - Uma História Bem Familiar - promovido pela Cia. Zaffari ao comemorar seus 75 anos. Meu texto foi um dos 75 premiados com um diamante e publicado no livro editado por ela editado: "Histórias para lembrar".
O texto é curto, pois deveria ser limitado a 1 500 caracteres. Aqui está ele:a história é verdadeira e o fato realmente aconteceu:
Reencontro
Dias antes de partir para cursar a Escola Normal em outra cidade, Rosa Terezinha mostrou-me um livro que tratava da separação de duas amigas. Inseparáveis como nós, elas escreveram um poema, cortaram o papel ao meio, ficando cada uma com uma das partes. Fizemos a mesma coisa. Guardei minha metade em um envelope e colei na contracapa de meu Caderno de Recordações. Era costume termos um caderno, onde os amigos deixavam mensagens. Tempos depois, o envelope desapareceu, com certeza levado por alguém curioso.
Após a morte de minha mãe, um ano depois, nos mudamos para Porto Alegre. Com o tempo, Rosa e eu acabamos perdendo o contato.
Algum tempo atrás, eu fazia – como sempre - compras no Zaffari da Otto Niemeyer na zona sul, onde moro há pouco tempo. Escolhia os artigos para colocar no carrinho, quando ouvi alguém, atrás de mim, dizer:
- Nossas mãos estão unidas, no mais sincero querer...
Reconheci os primeiros versos da poesia recortada. Voltei-me, era Rosa! Segurou-me as mãos e prosseguiu:
-... Pensávamos viver juntas
E juntas também morrer.
Juntei-me a ela e continuamos:
- Mas uma tem que partir,
A outra tem que ficar
E nossa tristeza é tanta
Que só podemos chorar.
Vamos partir estes versos,
Na esperança de juntar
Algum dia os dois pedaços...
E assim continuamos. Nenhuma de nós duas esquecera o poema, ainda que passado tanto tempo. Ao terminar, nos abraçamos emocionadas. Finalmente havíamos conseguido – após tantos anos - juntar os dois pedaços do poema do adeus. E sempre lembrarei desse momento de alegria, cujo cenário foi o Zaffari.
Aqui o poema completo, que não coube no texto pois o número de caracteres era restrito.
Poema do Adeus
Nossas mãos estão unidas
No mais sincero querer.
Pensávamos viver juntas
E juntas também morrer.
Mas uma tem que partir,
A outra tem que ficar
E nossa tristeza é tanta
Que só podemos chorar.
Vamos partir estes versos
Na esperança de juntar
Algum dia os dois pedaços
E então alegres cantar:
“Podemos viver agora
Unidas no antigo amor
E nunca mais separar-nos
Nem sofrer tamanha dor.”
O texto é curto, pois deveria ser limitado a 1 500 caracteres. Aqui está ele:a história é verdadeira e o fato realmente aconteceu:
Reencontro
Dias antes de partir para cursar a Escola Normal em outra cidade, Rosa Terezinha mostrou-me um livro que tratava da separação de duas amigas. Inseparáveis como nós, elas escreveram um poema, cortaram o papel ao meio, ficando cada uma com uma das partes. Fizemos a mesma coisa. Guardei minha metade em um envelope e colei na contracapa de meu Caderno de Recordações. Era costume termos um caderno, onde os amigos deixavam mensagens. Tempos depois, o envelope desapareceu, com certeza levado por alguém curioso.
Após a morte de minha mãe, um ano depois, nos mudamos para Porto Alegre. Com o tempo, Rosa e eu acabamos perdendo o contato.
Algum tempo atrás, eu fazia – como sempre - compras no Zaffari da Otto Niemeyer na zona sul, onde moro há pouco tempo. Escolhia os artigos para colocar no carrinho, quando ouvi alguém, atrás de mim, dizer:
- Nossas mãos estão unidas, no mais sincero querer...
Reconheci os primeiros versos da poesia recortada. Voltei-me, era Rosa! Segurou-me as mãos e prosseguiu:
-... Pensávamos viver juntas
E juntas também morrer.
Juntei-me a ela e continuamos:
- Mas uma tem que partir,
A outra tem que ficar
E nossa tristeza é tanta
Que só podemos chorar.
Vamos partir estes versos,
Na esperança de juntar
Algum dia os dois pedaços...
E assim continuamos. Nenhuma de nós duas esquecera o poema, ainda que passado tanto tempo. Ao terminar, nos abraçamos emocionadas. Finalmente havíamos conseguido – após tantos anos - juntar os dois pedaços do poema do adeus. E sempre lembrarei desse momento de alegria, cujo cenário foi o Zaffari.
Aqui o poema completo, que não coube no texto pois o número de caracteres era restrito.
Poema do Adeus
Nossas mãos estão unidas
No mais sincero querer.
Pensávamos viver juntas
E juntas também morrer.
Mas uma tem que partir,
A outra tem que ficar
E nossa tristeza é tanta
Que só podemos chorar.
Vamos partir estes versos
Na esperança de juntar
Algum dia os dois pedaços
E então alegres cantar:
“Podemos viver agora
Unidas no antigo amor
E nunca mais separar-nos
Nem sofrer tamanha dor.”
NATAL OUTRA VEZ
Adoro esta poesia de Natal!
MAIS UM NATAL
(M. Dinorah)
Por menos que se diga,
Ele se infiltra silenciosamente,
Com seu jeito de prece
E de cantiga,
Nas entrelinhas do querer da gente.
Então, aos poucos,
Nosso sonho abriga essa vontade,
Que se torna urgente,
De repartir uma palavra amiga,
Trocar abraços e se fazer semente.
Que este estado de pausa seja pela graça.
Que haja sinos bailando na vidraça
E a voz da realidade seja um hino.
Que haja ainda um coração na praça
A gritar que, apesar da hora escassa,
Sob a estrela da Paz
Nasce o Menino!
“Que o Senhor nos abençõe e nos guarde.
Nos mostre a sua face e se compadeça de nós.
Volte para nós o seu rosto e nos dê a Paz.”
MAIS UM NATAL
(M. Dinorah)
Por menos que se diga,
Ele se infiltra silenciosamente,
Com seu jeito de prece
E de cantiga,
Nas entrelinhas do querer da gente.
Então, aos poucos,
Nosso sonho abriga essa vontade,
Que se torna urgente,
De repartir uma palavra amiga,
Trocar abraços e se fazer semente.
Que este estado de pausa seja pela graça.
Que haja sinos bailando na vidraça
E a voz da realidade seja um hino.
Que haja ainda um coração na praça
A gritar que, apesar da hora escassa,
Sob a estrela da Paz
Nasce o Menino!
“Que o Senhor nos abençõe e nos guarde.
Nos mostre a sua face e se compadeça de nós.
Volte para nós o seu rosto e nos dê a Paz.”
É NATAL
Este foi um dos meus primeiros textos - comecei a escrever muito tarde - na Oficina de Natal da querida Mestra e Amiga Valesca de Assis, em dezembro de 2006. O desafio era escolher algumas sílabas do nosso nome e, com elas, redigir um conto de Natal. Escolhi estas quatro: SA RA LU NA.
O ENFEITE DE NATAL
Aqui, bem no alto da árvore de Natal, mãos gentis me colocaram em lugar de destaque. No entanto, quase desapareço em meio a tantas bolas coloridas, estrelas recobertas de lantejoulas, corações de cristal, fitas, anjos e luzes, tudo a brilhar, reluzir, cintilar. Não fosse algum raio de luar que incide sobre mim quando brisa suave me embala, não chamaria a atenção de ninguém.
Sou apenas um círculo de papelão macio, recoberto de papel prateado, sobre o qual estão as iniciais S L em cordão vermelho de seda. Nasci das mãos amorosas de uma velha senhora, a quem chamavam Nona. Era Natal e brilhava no alto dos céus a mais bela lua cheia jamais vista. Lembro bem que entre os sons de risos, músicas e tintilar de cálices, percebia-se, vez que outra, o choro manso de um recém-nascido.
São meus dias de glória, estes do Natal. Poucos, mas que me alimentam durante os longos meses escuros em que fico guardado em uma caixa na prateleira mais alta do armário do sótão.
Muitas coisas tenho visto daqui de cima: a primeira foi o bebê a quem chamavam Sara Luna. A cada ano a criança aparecia maior até transformar-se na gentil menina com quem ainda hoje se parece a jovem que me olha lá de baixo com ternura. Certo Natal, radiante, ela chegou acompanhada do noivo a quem, no ano seguinte, chamou de marido. Mais tarde trouxe também o menino de grandes olhos azuis, depois os gêmeos e por último a Piccinina.
Os Natais sempre foram cheios de vida e alegria nesta casa. Alegria que só faltou em um deles: naquele em que a velha senhora de mãos amorosas não mais apareceu.
O ENFEITE DE NATAL
Aqui, bem no alto da árvore de Natal, mãos gentis me colocaram em lugar de destaque. No entanto, quase desapareço em meio a tantas bolas coloridas, estrelas recobertas de lantejoulas, corações de cristal, fitas, anjos e luzes, tudo a brilhar, reluzir, cintilar. Não fosse algum raio de luar que incide sobre mim quando brisa suave me embala, não chamaria a atenção de ninguém.
Sou apenas um círculo de papelão macio, recoberto de papel prateado, sobre o qual estão as iniciais S L em cordão vermelho de seda. Nasci das mãos amorosas de uma velha senhora, a quem chamavam Nona. Era Natal e brilhava no alto dos céus a mais bela lua cheia jamais vista. Lembro bem que entre os sons de risos, músicas e tintilar de cálices, percebia-se, vez que outra, o choro manso de um recém-nascido.
São meus dias de glória, estes do Natal. Poucos, mas que me alimentam durante os longos meses escuros em que fico guardado em uma caixa na prateleira mais alta do armário do sótão.
Muitas coisas tenho visto daqui de cima: a primeira foi o bebê a quem chamavam Sara Luna. A cada ano a criança aparecia maior até transformar-se na gentil menina com quem ainda hoje se parece a jovem que me olha lá de baixo com ternura. Certo Natal, radiante, ela chegou acompanhada do noivo a quem, no ano seguinte, chamou de marido. Mais tarde trouxe também o menino de grandes olhos azuis, depois os gêmeos e por último a Piccinina.
Os Natais sempre foram cheios de vida e alegria nesta casa. Alegria que só faltou em um deles: naquele em que a velha senhora de mãos amorosas não mais apareceu.
EN PAZ - AMADO NERVO
Conheci esta poesia ainda adolescente. Gostei muito dela na época, e ainda gosto demais.
En Paz
Amado Nervo
(México, 1870-1919. Obras: Poemas, 1901; Serenidad, 1914; Elevación, 1916; Plenitud, 1918; La Amada Inmóvil, 1920.)
Muy cerca de mi ocaso, yo te bendigo Vida
porque nunca me diste ni esperanza fallida,
ni trabajos injustos, ni pena inmerecida.
Porque veo al final de mi rudo camino
que yo fui el arquitecto de mi propio destino;
que si extraje las mieles o la hiel de las cosas
fue porque en ellas puse hiel o mieles sabrosas:
cuando planté rosales, coseché siempre rosas.
Cierto, a mis lozanías va a seguir el invierno;
¡Más tu no me dijiste que Mayo fuese eterno!
...Hallé sin duda largas las noches de mis penas;
mas no me prometiste tú solo noches buenas;
y en cambio tuve algunas santamente serenas...
Amé, fui amado, el sol acarició mi faz.
¡Vida, nada me debes! ¡Vida, estamos en Paz!
Em Paz
Amado nervo
Tradução de Anderson Braga Horta
Perto do meu ocaso, eu te bendigo, ó Vida ,
porque nunca me deste esperança falida
nem trabalhos injustos, nem pena imerecida.
Porque vejo no fim de meu rude caminho
que fui eu o arquiteto de meu próprio destino;
que se os méis ou o fel eu extraí das coisas
foi porque nelas pus mel ou biles amargosas:
quando plantei roseiras, colhi sempre rosas.
Às minhas louçanias vai suceder o inverno;
mas tu não me disseste que maio fosse eterno!
Julguei sem fim as longas noites de minhas penas;
mas não me prometeste noites boas apenas,
e, afinal, tive algumas santamente serenas...
Amei e fui amado, o sol beijou-me a face.
Vida, nada me deves. Vida, estamos em paz.
En Paz
Amado Nervo
(México, 1870-1919. Obras: Poemas, 1901; Serenidad, 1914; Elevación, 1916; Plenitud, 1918; La Amada Inmóvil, 1920.)
Muy cerca de mi ocaso, yo te bendigo Vida
porque nunca me diste ni esperanza fallida,
ni trabajos injustos, ni pena inmerecida.
Porque veo al final de mi rudo camino
que yo fui el arquitecto de mi propio destino;
que si extraje las mieles o la hiel de las cosas
fue porque en ellas puse hiel o mieles sabrosas:
cuando planté rosales, coseché siempre rosas.
Cierto, a mis lozanías va a seguir el invierno;
¡Más tu no me dijiste que Mayo fuese eterno!
...Hallé sin duda largas las noches de mis penas;
mas no me prometiste tú solo noches buenas;
y en cambio tuve algunas santamente serenas...
Amé, fui amado, el sol acarició mi faz.
¡Vida, nada me debes! ¡Vida, estamos en Paz!
Em Paz
Amado nervo
Tradução de Anderson Braga Horta
Perto do meu ocaso, eu te bendigo, ó Vida ,
porque nunca me deste esperança falida
nem trabalhos injustos, nem pena imerecida.
Porque vejo no fim de meu rude caminho
que fui eu o arquiteto de meu próprio destino;
que se os méis ou o fel eu extraí das coisas
foi porque nelas pus mel ou biles amargosas:
quando plantei roseiras, colhi sempre rosas.
Às minhas louçanias vai suceder o inverno;
mas tu não me disseste que maio fosse eterno!
Julguei sem fim as longas noites de minhas penas;
mas não me prometeste noites boas apenas,
e, afinal, tive algumas santamente serenas...
Amei e fui amado, o sol beijou-me a face.
Vida, nada me deves. Vida, estamos em paz.
Assinar:
Postagens (Atom)